terça-feira, 27 de dezembro de 2016

S/A Sala Aberta - Reforma do Ensino Médio

A ADunicamp, em parceria com os coletivos Socializando Saberes, Comunicadores Populares, Mídia Livre VaiJão, Usina Geradora, NINA, o Labjor da Unicamp e a TV Comunitária Cidade Livre deu início a produção da série de programas S/A Sala Aberta. Essa produção está voltada para as principais questões sociais, políticas e econômicas da sociedade brasileira.

No segundo programa do Sala Aberta o assunto foi a Reforma do Ensino Médio. Importantes representantes de coletivos sociais, professores e especialistas em educação deram seu parecer sobre o tema, aprofundando a reflexão e trazendo para debate nuances omissas da medida provisória. O PRODOCENCIA acredita que a discussão deve ser contínua e produzir uma base de informações concretas e confiáveis.

Abaixo segue o programa na íntegra:

Para mais informações sobre o S/A Sala Aberta:
http://salaaberta.org.br/

Escrito por André Torres em 27/12/2016

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sociologia e Filosofia na Reforma do Ensino Médio

No dia 13 de dezembro, a Câmara do Deputados aprovou o texto-base da MP 746/16 que institui a reforma do ensino médio no Brasil. A polêmica medida provisória vem sendo discutida desde a posse do então presidente Michel Temer que a alocou em regime de urgência dentro das dinâmicas parlamentares.

A MP sofreu algumas emendas em seu texto, entretanto nenhuma descaracterizou a orientação tecnicista e, primordialmente, laboral do projeto. Disciplinas como a Sociologia e a Filosofia foram abordadas de forma secundária e marginalizada em detrimento das demais disciplinas. Diante desta postura, a Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais encaminhou à Câmara Federal uma nota de repúdio a votação, explicitando seu posicionamento e as consequências da retirada destas disciplinas do currículo obrigatório.

O PRODOCENCIA compartilha a posição da ABECS e traz, na íntegra, a nota publicada.



Sociologia e Filosofia não podem ser resumidas a temas secundários de outras disciplinas

A Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS) manifesta sua discordância frente ao conteúdo e encaminhamentos referentes à proposta de reforma do Ensino Médio brasileiro, desencadeada pela Medida Provisória 746/2016 e Projeto de Lei de Conversão 34/2016.

Defendemos que essa pauta deveria ser construída democraticamente com a participação de especialistas, educadores, estudantes, entidades ligadas ao ensino e conduzida pelo Conselho Nacional de Educação.

As conseqüências da ausência de especialistas ficaram evidenciadas nos posicionamentos de muitos parlamentares nessa última terça-feira (13/12), ainda que entidades, representantes de diversos órgãos, profissionais da Educação e especialistas houvessem encaminhado manifestos e abaixo-assinados recomendando a manutenção da Sociologia e Filosofia como disciplinas obrigatórias.

A proposta de emenda (da bancada do PC do B defendida pelo destaque do PSOL) à Medida Provisória 746/2016 que atendia a recomendação das entidades e especialistas em Educação foi rejeitada. Em seguida foi aprovada uma segunda emenda (de autoria da bancada do PDT), que sugeria a obrigatoriedade dos “estudos e práticas” de Educação Física, Artes, Sociologia e Filosofia no Ensino Médio.

Chama-nos atenção os argumentos dos deputados que se posicionaram contrários à obrigatoriedade da disciplina, os quais demonstraram desconhecimento das especificidades, objetivos e importância da Sociologia e da Filosofia no Ensino Médio. Trata-se de acusações sem respaldo na realidade escolar e na produção científica.

Ao contrário do que erroneamente parte da mídia vem noticiando, não foi mantida a obrigatoriedade das “disciplinas” de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio, mas a obrigatoriedade de seus “estudos ou conteúdos e práticas”, o que é prejudicial à formação humanista e reflexiva. Outro argumento leviano presente na grande mídia e nos discursos de alguns deputados é a associação do ensino de Sociologia e Filosofia à “doutrinação política”. Isso se constitui um completo erro do que sejam as áreas em foco, não encontrando amparo na realidade das escolas.

A emenda aprovada versa sobre “conteúdos e práticas” e não “disciplinas”, deixando margem para que as disciplinas de Filosofia, Sociologia, Educação Física e Artes deixem de estar presentes nas escolas e seus “conteúdos e práticas” passem a ser diluídos de qualquer maneira (a ser definido a posteriori na Base Nacional Comum Curricular que ainda será definida) no interior dos demais componentes curriculares. Assim, eis questão central: por que apenas Sociologia, Filosofia, Educação Física e artes entraram nessa denominação “estudos e práticas”? Não são disciplinas como outras quaisquer como diz a Lei?

Para a ABECS, trata-se de um retrocesso com impactos negativos ao ensino brasileiro. A não obrigatoriedade das referidas “disciplinas” afeta diretamente a qualidade da Educação e o trabalho do professor de outros componentes curriculares, uma vez que acaba delegando estes “conteúdos e práticas” para profissionais que não estão preparados a lecionar.  Ademais, deve gerar ainda mais desemprego no país para professores já formados em licenciatura nessas áreas e para estudantes licenciandos, além de ocasionar um aumento da evasão de discentes em universidades e o conseqüente fechamento de cursos de licenciatura no país como um todo, o que é algo extremamente GRAVE. Isso em si representa um retrocesso na expansão das licenciaturas nos últimos anos.

Defendemos uma educação completa, humanista, crítica e feita por profissionais qualificados. Estranhamos que paralelamente a proposta de ampliação da carga-horária do Ensino Médio exclui-se disciplinas tão importantes. Igualmente estranhamos que parlamentares que demostram não conhecer as especificidades das disciplinas e as ataque de forma tão veemente.

A desobrigação da disciplina e a diluição de “conteúdos e práticas” no interior de outras matérias deixam margem para que professores despreparados venham atuar justamente de modo errôneo ao transmitir os conteúdos.

A ABECS repudia enfaticamente a atual proposta de reforma do Ensino Médio em tramitação no Congresso Nacional. Defendemos que a educação não pode ser reformulada por leigos e não especialistas, nem mesmo ser executada por profissionais de “notório saber”; antes faz-se com professores(as) que são os(as) profissionais habilitados(as) em curso superior.

Por fim, a ABECS faz um apelo aos senadores e senadoras para que tenhamos um diálogo democrático, a fim de que os discursos simplistas e sem fundamentação acadêmica evidenciados na Câmara dos Deputados não se repitam no Senado Federal.

Agradecemos ao apoio das bancadas do PSOL (e ao presidente nacional desse partido pela acolhida generosa de nossa causa em Brasília), PT, PSB, PDT, PCdoB, PPS, REDE, PMB, bem como aos parlamentares de outros partidos que compreenderam a importância da 
obrigatoriedade da Sociologia e da Filosofia no Ensino Médio. Esperamos poder continuar contando com todos e todas, para que no Senado revertamos esse ataque à qualidade do Ensino Médio brasileiro.

Conclamamos o apoio dos nobres senadores/as, assim como nos colocamos à inteira disposição para esclarecimento das especificidades e importância da Sociologia escolar. Acreditamos que o diálogo seja o melhor caminho para não reproduzirmos erros tão nocivos ao futuro de nossos jovens e dos profissionais da Educação.


Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2016.

Diretoria da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais.

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Para mais informações: http://www.abecs.com.br/

Escrito por André Torres em 21/12/2016

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Lute como uma menina!

Durante as mobilizações dos secundaristas na defesa da educação e escola públicas, o protagonismo feminino se mostrou forte e combativo. A presença de estudantes mulheres na luta engajada e na participação nas tomadas de decisões se tornou elemento chave nos direcionamentos pelos quais o movimento estudantil se orientava.

O debate de gênero chegou por iniciativa dos estudantes aonde as forças conservadores armaram campana: a escola pública. Tal protagonismo se tornou objeto para a elaboração do documentário "Lute como uma menina", que apresenta a ação feminina nas mobilizações estudantis como sintoma de um empoderamento das mulheres frente a um contexto de opressão e invisibilidade.

Neste cenário, a Faculdade de Educação da UNICAMP convidou os diretores do documentário, Beatriz Alonso e Flávio Colombini, para apresentarem o projeto bem como discuti-lo e dividir as impressões que as diversas entrevistas e participações geraram.

O encontro se realizará no dia 30 de novembro às 19 horas no Salão Nobre da Faculdade de Educação da UNICAMP (1º andar - bloco E).

Assista ao trailer do documentário:



O PRODOCENCIA apoia produções como esta e convida a todas e todos para participarem deste debate.


Escrito por André Torres em 28/11/2016

terça-feira, 15 de novembro de 2016

AUDIÊNCIA PÚBLICA: "PROGRAMA ESCOLA SEM PARTIDO"



Nesta quarta-feira, 16 de novembro às 11hrs, os senadores discutirão o projeto de lei 193/2016 - Programa Escola Sem Partido - do senador Magno Malta (PR-ES), através de uma ampla audiência pública com importantes nomes do cenário educacional brasileiro. A audiência terá transmissão online e haverá meios de participação pública pela internet e por telefone.

Para debater o tema foram convidados pelo Senado:

Iago Montalvão
Diretor de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes - UNE
Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira
Subprocuradora-Geral da República
Fernando Penna
Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense - UFF
Cléo Manhas
Representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Camila Lanes
Presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - Ubes
O acompanhamento deste e dos demais projetos que tramitam no Senado Federal é de suma importância e necessita do seu engajamento. Para assistir ao vivo e interagir basta acessar o seguinte endereço: 

Participe, debata, colabore para a melhoria da educação brasileira!!!

Escrito por André Torres em 15/11/2016

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

PROGRAMAÇÃO - ERA Urgente


Espaço de Reflexão Acadêmica (ERA) do Prodocência (Programa de Consolidação das Licenciaturas – CAPES) foi pensado para debater temas importantes relacionados à educação formal, colocando em contato pesquisadores e professores de diferentes níveis de ensino.



E.R.A. Urgente

Espaço de Reflexão Acadêmica - Debates Urgentes

Programação atualizada:


Próximos eventos


16/11 (qua, 17:30, sala IH05 - IFCH): Escola S.A. - sobre financiamento ou sobre PPPs (Josianne Cerasoli/DH/IFCH e Roberto do Carmo/DD/IFCH)

22/11: a confirmar.


Já realizados:

11/10 (ter, 19h): Manipulações da BCNN (Josianne Cerasoli/DH/IFCH; o material estará logo em nosso blog)

18/10 (ter, 16h, IFCH/IH05): Ensino Médio para que(m)? (Mariana Chaguri/DS/IFCH)


26/10 (qua, 17:30, vão do PB): Ensino Superior Público e Pago (Sávio Cavalcante/DS/IFCH)


1/11 (ter, 17:30, vão do PB): Conteúdos comprometidos na formação de professores (Helena de Freitas/FE e José Alves de Freitas/DH/IFCH)

8/11 (ter, 17:30, IH04 - IFCH): Escola Sem Partido X Cultura Democrática (Ronaldo de Almeida/DA/IFCH e Josianne Cerasoli/DH/IFCH)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Acompanhando a Medida Provisória

            Novamente o PRODOCENCIA quer te deixar por dentro de tudo que rola pelos bastidores do nosso Congresso Federal no que tange a educação e, principalmente, a polêmica MP 746/2016, que institui a Reforma do Ensino Médio. Para tanto, vamos indicar o caminho mais seguro e confiável no que se refere ao conteúdo da Medida Provisória, assim como as ferramentas disponíveis para a participação e interação popular.
            
            O primeiro passo é acessar a página do Senado Federal. Nesta etapa do processo legislativo, os 81 senadores federais discutem o tema entre si com o apoio de relevantes nomes indicados pelos próprios legisladores. Esses encontros são chamados de Audiências Públicas e se estruturam a partir de pontos de vistas comuns, isto é, procura-se aglutinar em uma mesma audiência proponentes vindos de um mesmo eixo institucional e/ou social.
            
            É possível, por meio da página do Senado, acompanhar a tramitação da MP 746/2016 a partir de duas ferramentas:



            Antes da matéria ser apreciada pelo plenário, isto é, por todos os senadores, ela passa por uma avaliação dentro de uma comissão mista, composta por diversos senadores  e deputados de diversas legendas. Esta comissão é a encarregada das audiência públicas bem como a análise de constitucionalidade da matéria, ou seja, ela precede o juizo acerca do conteúdo da MP, verificando suas especificidades ao longo da elaboração de um relatório que servirá como base para a votação do plenário. Clique aqui para conhecer os membros da comissão, assim como seu presidente e relator.

            As audiências públicas já estão acontecendo e podem ser acessadas desde o formato em vídeo e textual. No Portal Multimídia do Senado Federal é possível resgatar as audiências passadas de acordo a data de realização. Para facilitar a busca acesse a lista com as datas de todas as audiências públicas relativas a MP 746, clicando aqui.

            Na página da própria MP, já discriminada acima, você poderá acessar os principais documentos sobre a medida provisória, informações complementares, situação atual da tramitação e as datas de eventos e atividades parlamentares. Também está disponível nesta página uma importante ferramenta de interação, participação e consulta popular, o Opine Sobre  a Matéria. Aqui você pode votar, a partir de um cadastro prévio simples, a respeito da MP, indicando aos parlamentares quais as opiniões da população.


          O PRODOCENCIA/IFCH acredita que o engajamento social é uma dos mecanismos mais eficazes de educação e ação política. Por isso, vendo a extrema relevância do assunto, aposta na participação e fiscalização popular como instrumento de mudança, transformação e resistência. Leia, se informe, pergunte e opine, o PRODOCENCIA está disposto a ajudar.

Escrito por André Torres em 08/11/2016

terça-feira, 8 de novembro de 2016

EVENTO: "O ensino médio em questão: encontro da Rede Escola Pública e Universidade"


O objetivo do evento é construir e articular relação entre a Rede da Escola Pública e a Universidade na região de Campinas, desenvolvendo análise e debates sobre a  política educacional paulista, destacando as reformas educativas, particularmente, no que tange à reorganização das escolas estaduais, a organização da gestão  democrática e a reforma do ensino médio.


Data:
10/11/2016 - 19:00 a 22:00
Período de inscrições:
03/11/2016 - 08:00 a 09/11/2016 - 23:00
Local:
Salão Nobre (1º andar, bloco E)
Convidados:

  • Profa. Dra. Dirce Djanira Pacheco e Zan (FE-Unicamp)
  • Prof. Dr. Salomão Ximenes (UFABC)
  • Prof. Dr. Sérgio Stoco (CEDES)

Programação

19h | Mesa de Abertura
Profa. Dra. Dirce Djanira Pacheco e Zan (​Diretora da Faculdade de Educação)
19h30 | Mesa "O processo de reorganização das escolas SEE-SP e a reforma do ensino médio"
Prof. Dr. Sergio Stoco (CEDES)
Prof. Dr. Salomão Ximenes (UFABC)
20h30 | Mesa "Escolas e Movimentos frente às reformas"
Representante Apase
Coordenação do COTIL
Coordenação do COTUCA
Representante do coletivo dos estudantes
Representante dos professores da Rede
Representante de pais
21h30 | Debate aberto
22:h30 | Encerramento

Materiais

Ao longo do desenvolvimento dos eventos, cursos, projetos e afins; o Prodocência acaba por ter acesso a materiais de professores e instituições, e até mesmo cria seus próprios. Diante disto, a fim de disponibilizar os materiais a comunidade criamos a página MATERIAIS aqui no blog.

A medida que está página for sendo atualizada, "linkaremos" com a homepage do blog.

O USO E DIVULGAÇÃO DESTES MATERIAIS É PERMITIDO MEDIANTE  REFERENCIAMENTO DA AUTORIA E ORIGEM DOS MESMOS


No momento já temos disponibilizado duas apresentações powerpoint feitas e utilizadas pela Professora Dra. Josianne Cerasoli do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.

Seguem abaixo os materiais:



 "Apontamentos sobre duas propostas de mudança do ensino médio em 2016."

autora: Professora Dra. Josianne Cerasoli




Cenário recente da educação publica, politicas e outras aspectos.

autora: Professora Dra. Josianne Cerasoli

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

ERA Urgente: Escola Sem Partido X Cultura Democrática NOVO HORÁRIO E LOCAL

Nesta terça-feira,  dia 8 de novembro, mais uma edição do Espaço de Reflexão Acadêmica - Urgente:

Escola Sem Partido X Cultura Democrática

 (com Ronaldo de Almeida/DA/IFCH e Josianne Cerasoli/DH/IFCH)


 Atenção para a mudança de local e horário: dia 8 de novembro, 19h., no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, sala IH04


compreender_armandinho

Armandinho, por Alexandre Beck

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Partido da educação



              

A Procuradoria-Geral da República (PGR) tomou posição na celeuma desencadeada pelo movimento Escola sem Partido. Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), considerou inconstitucional a legislação do Estado de Alagoas patrocinada pelo grupo. A lei estadual que instituiu o Programa "Escola Livre" em Alagoas é inconstitucional, segundo parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) publicado na última quarta-feira (20). O órgão do governo federal produziu o parecer para o julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que tramita no STF contra a lei, que entrou em vigor no fim de abril deste ano. O Programa "Escola Livre" é uma versão inspirada no movimento "Escola sem Partido", grupo que divulga anteprojetos de lei estadual e municipal que buscam legislar sobre o que é ou não permitido ao professor debater dentro de sala de aula.

Partiu da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação a ação contra a Assembleia Legislativa alagoana. É questionável a norma estadual que veda a escolas públicas e particulares de "doutrinação política e ideológica, bem como quaisquer outras condutas por parte do corpo docente ou da administração escolar que imponham ou induzam aos alunos opiniões político-partidárias, religiosa ou filosófica". Historicamente a educação e a ciência sempre tiveram como antagonista visões conservadoras e posições que relembram os tempos de censura dos períodos ditatoriais. Arrostar contra a “Escola Sem Partido” significa, não só defender uma educação crítica (ou fazer com que ela se torne), mas sim derrotar os setores mais reacionários que querem impor uma derrota científico/intelectual a fim de abrir caminho para o logro religioso.

A iniciativa, criada por um grupo liderado pelo advogado Miguel Nagib, se apresenta como movimento de pais e estudantes. Contrários ao que consideram ser "contaminação político-ideológica das escolas", espalha pelo país um rastilho de desconfiança generalizada contra professores. Sobre o direito de os pais exigirem uma educação de acordo com suas convicções religiosas, é preciso escrever em letras garrafais que O ESTADO É LAICO. Isso não significa que ele deva combater a religião, que no Brasil algumas são até muito bem tratadas, com isenção de impostos, concessão de televisão, etc. Estado Laico significa que o conjunto de suas instituições não deve ser influenciada por questões religiosas e isso inclui a educação pública.
Paulo Freire
É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.


Litigiar legislações nos níveis municipal, estadual e federal com vistas a restringir o escopo do ensino e normatizar que a educação moral, sexual e política é competência só da família tem sido a avidez do “Escola sem Partido”. Apesar desse nome “simpático” para parte da população, essencialmente pelo fato de existir um rechaço às organizações políticas, gerada pelos inúmeros escândalos, existem elementos de fundo que precisam ser debatidos. O nome do projeto, em si, pouca relação tem com seu conteúdo, pois não se debate suprir a liberdade de organização partidária, mas promover uma verdadeira censura a educação brasileira.

A Procuradoria-Geral da República(PGR) não defende a doutrinação. Argumenta que a prática de eventuais abusos por alguns docentes não justifica impor o policiamento indiscriminado do que se diz e pratica em sala de aula. “Sem liberdade de ensinar e de aprender não há o próprio direito à educação", leciona o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Entre a vedação apriorística de conteúdos e a liberdade de ensino, esta é preferível."

Basta passar os olhos por alguns livros didáticos para topar com exemplos flagrantes de obscurantismo religioso —por exemplo na versão capciosa de que a evolução biológica por seleção natural seria "apenas uma teoria" em que alguns autores destes livros sugerem. Para além da questão constitucional, os projetos de lei preconizados pelo movimento “Escola sem Partido” subestimam a capacidade dos próprios alunos –e de seus pais– de encarar de modo crítico o que se veicula nas escolas.
O papel da educação não deve ser um mediador de ideias antagônicas, pelo contrário. Cabe a educação ser o elemento reflexivo frente a acontecimentos concretos, para que possibilite gerações que não viveram determinados acontecimentos históricos a ter uma opinião crítica sobre ações que a humanidade já cometeu no passado e que ela seja o elemento consciente para impedir retrocessos.


Embora a campanha se apresente como liberal, em defesa do pluralismo, ela termina por revelar-se paternalista e retrograda ao pretender que aparelhos de Estado substituam os cidadãos no controle social do ensino oficial ou particular. Não se trata de "escola sem partido", mas de escola com religião (apenas uma forma de religião) e com censura. Trata-se da negação da própria ideia democrática de educação pública e laica. Da transformação da escola em espaço de validação da cosmo-visão conservadora e anticientífica. Estes se apresentam como defensores de uma escola “neutra”, “científica” e “plural”, como opositores da "doutrinação", mas que apressam em dizer que ideologia é o que é contrário as próprias crenças. Por fim, qualquer legislação do gênero padece de um vício de origem: a impossibilidade prática de apontar de modo inequívoco o conteúdo que seja partidário, ou quando um docente ultrapassa o limiar da “doutrinação”. Isso se deve a tentativa permanente de sucateamento da educação, com escolas sem uma estrutura mínima para se ter um laboratório de ciência, bibliotecas, professores com baixos salários e com pouco ou nenhum estímulo a ter formação continuada. Na dúvida, sempre é mais prudente tomar partido da liberdade na escola e liberdade da educação.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ERA Urgente - programação atualizada


Espaço de Reflexão Acadêmica (ERA) do Prodocência (Programa de Consolidação das Licenciaturas – CAPES) foi pensado para debater temas importantes relacionados à educação formal, colocando em contato pesquisadores e professores de diferentes níveis de ensino.


E.R.A. Urgente

Espaço de Reflexão Acadêmica - Prodocência - debates urgentes

Programação atualizada:


Próximos eventos

16/11 (qua, 17:30, sala IH05 - IFCH): Escola S.A. - sobre financiamento ou sobre PPPs (Josianne Cerasoli/DH/IFCH e Roberto do Carmo/DD/IFCH)

22/11: à confirmar.


Já realizados:

11/10 (ter, 19h): Manipulações da BCNN (Josianne Cerasoli/DH/IFCH; o material estará logo em nosso blog)

18/10 (ter, 16h, IFCH/IH05): Ensino Médio para que(m)? (Mariana Chaguri/DS/IFCH)


26/10 (qua, 17:30, vão do PB): Ensino Superior Público e Pago (Sávio Cavalcante/DS/IFCH)

1/11 (ter, 17:30, vão do PB): Conteúdos comprometidos na formação de professores (Helena de Freitas/FE e José Alves de Freitas/DH/IFCH)

8/11 (ter, 17:30, IH04 - IFCH): Escola Sem Partido X Cultura Democrática (Ronaldo de Almeida/DA/IFCH e Josianne Cerasoli/DH/IFCH)





Fiquem atentos as confirmações de palestrantes, locais e horários!